friends?
"Sejamos claros, não há nada mais constrangedor do que nos oferecerem amizade quando queríamos uma outra coisa. As mulheres tendem a confundir isto. E para aquelas que estão já a abanar a cabeça e a dizer que não, que não é nada disto, se me dão licença, eu passo explicar. Ora bem, no natural processo de marketing pessoal que invariavelmente se estabelece no acto da conquista, o homem usa regularmente uma técnica ancestral que é a tese do amigo. É uma técnica perigosa, que se não for bem usada – tal qual o peixe balão – pode ter resultados desastrosos. Vamos cá ver, é claro que o homem gosta de fazer novas amizades, de ter novas amigas, mas escrevam aí onde estiverem – e não imagino se terão algo para apontar – mas posso assegurar-vos que se uma mulher for bonita, bem feita e com uma personalidade admirável, a amizade não é a primeira coisa que nos passa pela cabeça. Não é não. E antes que me chamem insensível e outros mimos do género, eu vou já dizendo que é muito possível que a grande maioria dos homens que estiverem a ler isto, concordarão comigo, salvo aqueles que naturalmente estiverem acompanhados pelas respectivas mulheres e obviamente tiverem um compromisso. Mas mesmo esses – e estes obviamente podem agora dizer que não, que não, pelos condicionantes já explicados – tenho a certeza que em relação a esta primeira ideia, pensarão como todos. Com uma diferença, que de resto nos distingue: que é justamente o tempo que iremos demorar até pensarmos nisso. Uma vez, um amigo meu disse-me que um jornalista conhecido teria convidado a sua namorada para jantar fora, e que perante isto, não teve qualquer dúvida, que este quereria levá-la para a cama. E quando lhe perguntei porque pensava deste modo, ele respondeu-me exactamente isto: que o que nos distingue é o tempo que demoramos até fazer o convite. E aqui, se não se importam, há de tudo. Há os impacientes, que logo no primeiro encontro querem conseguir algo; há os pacientes, que estão nos hospitais e consultórios deste país; e há os calculistas – para mim os mais perigosos - que chegam a demorar um ano, ou dois se for caso disso, para colocar em prática uma ideia que esteve com ele desde o primeiro dia. Tal qual o impaciente. Daí que quando uma mulher nos diga “ Acho que estás a confundir tudo, eu gostava de ser só tua amiga!” isso nos cause algum transtorno. Não tanto pela desafortunada notícia em si, mas sobretudo porque nunca confundimos nada. Ouçam, em nenhum momento. Mas o mais grave, é que não podemos dizer isto. Reparem: um homem não pode dizer a uma mulher, que nunca esteve confundido e que isso era só uma estratégia, que usava algumas técnicas que indiciavam uma pressuposta amizade – coisa bonita portanto – mas cujos fins não teriam a licitude que eventualmente estariam à espera.E há alguma coisa a fazer? Nada. E isto é triste? É muito triste sim."
by Fernando Alvim
Bom dia!até já!
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